Chamada nos bastidores de ‘petista raiz’ por sempre se vestir de vermelho, Moema Gramacho foi promovida com apenas dois meses de trabalho em Brasília ao cargo de Secretária Executiva do Conselho da Federação da Presidência da República, com a missão de atuar em parceria com ministros do governo federal e à ministra de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann (PT). Antes, Moema atuou como Assessora Especial na Secretaria de Assuntos Federativos (SEAF).
Mesmo já estando alocada em Brasília, a ex-prefeita de Lauro de Freitas por quatro mandatos está de olho no cenário local e já iniciou as conversas com suas bases visando retornar à Câmara dos Deputados em 2026. Ela teve uma rápida passagem pela Casa ao ser eleita na legislatura de 2015-2019. Contudo, em nome da unidade do grupo, disputou eleição no município da Região Metropolitana em 2016, sagrando-se vencedora.
Agora, na eleição do ano que vem, Moema disse que quer concluir seu mandato de deputada federal, mas também não descarta retornar ao comando de Lauro de Freitas em 2028. Presente na Assembleia Legislativa para ser homenageada como uma das 30 parlamentares mulheres que passaram pela Casa, a ex-prefeita conversou com o Política em Off. Confira a entrevista completa:
Moema, você foi deputada estadual numa outra era, vamos colocar assim, que as pautas eram diferentes. No entanto, você era bastante aguerrida junto com suas colegas Lídice da Mata, Alice Portugal, entre outras. Depois, a senhora virou deputada federal e depois prefeita de Lauro de Freitas. Existe alguma pretensão sua de retornar para a Câmara Federal em 2026?
Eu que tive três mandatos nesta Casa. Hoje, eu compreendo, não há lugar melhor para ter um mandato com a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Mas é claro, eu também passei pela Câmara Federal, fui prefeita quatro vezes, mas eu sempre acho que as mulheres têm que estar onde elas quiserem estar, e onde elas buscarem conquistar. Assim como eu conquistei os três mandatos aqui e os outros, das outras categorias, eu espero que com a fé em Deus e a confiança do povo, que eles me escolham de novo para ser deputada federal. E por quê? Porque eu fui deputada federal apenas por dois anos, porque tive que renunciar a pedido do povo de Lauro de Freitas para voltar a ser prefeita. E eu tinha assumido o compromisso, quando eu fui deputada federal e fui a primeira deputada federal do PT da Bahia, eu tinha um compromisso com as mulheres da Bahia. Eu acabei ficando só dois anos, então eu me sinto nesse dever de poder retomar o mandato de deputada federal e continuar com as novas lutas que ainda temos muitas em defesa dos direitos das mulheres, do direito do povo de uma forma geral.
A senhora acabou de citar que foi a primeira deputada federal do PT. Como a senhora avalia o protagonismo das mulheres na política? Nós temos, por exemplo, a deputada Ivana Bastos (PSD) como a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa da Bahia.
Sim, eu parabenizo a deputada Ivana porque ela, primeira presidenta mulher, são 190 anos do poder legislativo, uma primeira presidenta mulher. Não é qualquer coisa, é um triunfo! E eu quero parabenizá-la pelo discurso que ela fez porque ela lembrou de tudo, inclusive das nossas famílias. Eu que nasci no Pelourinho, que nunca pensei que chegaria onde cheguei, ter sido deputada desta Casa, um dos grandes sentimentos que eu tenho é que meu pai, que lutou tanto para me ver deputada, tenha nos deixado antes. E aí eu me lembro o quanto a família para a gente foi importante. Porque eu me lembro que meu pai, ele preenchia as minhas cédulas de votação, um a um, número a número, para me ver deputada. Infelizmente, ele morreu antes de eu alcançar o mandato, mas isso mostra o quanto nossas famílias foram fundamentais, abrindo mão da gente para poder a gente se dedicar à luta e aos mandatos. Quero agradecer a minha filha, que hoje trabalha aqui na Assembleia Legislativa como diretora da TV ALBA, por ela também ter em muitos momentos aberto mão de mim para poder eu ser parlamentar. E eu digo que ela me criou. Então, parabéns a todas as famílias que entendem o quanto é importante abrir mão naquele momento de estar tão próximo de nós, mas entendendo que nós estamos contribuindo com a sociedade.
Como é que a senhora avalia a situação de Lauro de Freitas, uma cidade que a senhora foi gestora por dois mandatos neste último ciclo? A atual prefeita Débora Regis (União Brasil) não tem nem um ano de governo, já perdeu um secretário, já tem vereadores abandonando a base dela, parece que está uma situação de caos lá. O que você pode falar sobre isso?
Olha, eu sempre prefiro não fazer comentários porque eu prefiro ouvir sempre o povo. E o povo já se manifesta nas ruas dessa forma, me pedindo inclusive para voltar. Mas eu sempre digo o seguinte: eu nunca quero que quem esteja fazendo a gestão dos municípios, em especial do município que eu escolhi para morar, criar minha filha, criar meu neto, que faça ruim pela cidade. Porque quem vai perder é a cidade e é o povo. Então, o único recado que eu às vezes gosto de mandar para a atual gestora é ‘me esqueça e trabalhe’. Se foi vereadora deveria conhecer os problemas da cidade e já deveria ter se preparado para agora enfrentá-los. Ficar me acusando o tempo inteiro do que não faz, não justifica mais. Esquece Moema e vai trabalhar!
Prefeita, a senhora não conseguiu fazer o seu sucessor e também não conseguiu fazer sucessora na presidência do PT. A senhora acha que isso pode atrapalhar um pouco esse jogo em 2026, nessa tentativa de voltar para a Câmara?
Não, não. Se você parar para avaliar, eu não tive muito sucesso em eleger sucessores. Agora, eu nunca perdi uma eleição. Então, infelizmente, eu acho que falta ainda, talvez, mais ânimo, mais vontade, mais coragem, mas fazer o que eu faço: eu me jogo na campanha. Eu quero ser eleita, eu faço tudo para isso. Eu acho que está faltando esse ‘tchan’ em quem não está disputando como precisa disputar. E eu tenho um orgulho grande de dizer aqui para vocês da imprensa: eu fui eleita vereadora de Salvador, eu renunciei para ser deputada, tive três mandatos de deputada estadual, tive quatro mandados de prefeita, um mandado de federal, sem comprar um voto. Esse é o meu maior argumento.
Moema, em 2026 a senhora já tem um caminho para deputada federal. A senhora avalia a possibilidade de tentar retornar à prefeitura de Lauro de Freitas em 2028?
Se Deus e o povo quiserem, eu serei eleita deputada federal. Quanto à prefeitura, cada coisa no seu tempo, né? Eu disse que não voltaria a ser prefeita quando fui deputada federal, anteriormente. Acabei, por conta das circunstâncias, eu que sou de projeto, sou uma pessoa que sou dedicada ao projeto [do grupo] e ao meu partido, se eu não voltasse, renunciasse ao mandato de deputada e voltasse para ser prefeita, quem ganharia era a oposição. Então, eu cumpri uma determinação do meu partido. E deu certo, voltei e me elegi. Então, como primeiro vai ser a candidatura de federal, eu vou fazer a disputa para federal. A candidatura à prefeita vai ser posterior. Então, eu vou pedir a você que guarde um pouquinho essa pergunta para me fazer depois de 2026.
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