Ex-vereador Suíca inocenta Jerônimo de derrota na eleição municipal e confirma candidatura a deputado em 2026

Ex-vereador Suíca inocenta Jerônimo de derrota na eleição municipal e confirma candidatura a deputado em 2026

Eleito três vezes vereador de Salvador pelo PT, partido no qual está filiado há 33 anos, o sindicalista do setor de limpeza urbana, Luiz Carlos Suíca, não conseguiu renovar o mandato em 2024 pela federação Brasil da Esperança, formada pelos partidos PV, PCdoB e o próprio PT.

Em entrevista ao Política em Off, o ex-vereador evitou creditar a derrota ao vice-governador Geraldo Júnior (MDB), nome escolhido para representar a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na disputa ao Palácio Thomé de Souza no último pleito municipal. A empreitada, contudo, além de não lograr êxito, praticamente sepultou o Partido dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Salvador fazendo a bancada cair de quatro para apenas um representante.

Nesta entrevista, Luiz Carlos Suíca também confirma suas articulações para 2026 e a possibilidade de disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia ou na Câmara dos Deputados. Na Assembleia Legislativa, caso seja a sua escolha, essa não será a sua primeira tentativa: no pleito de 2018, ele obteve 16.147 votos; em 2018, 33.326 votos e em 2014, 32.069 votos.

Atualmente, além do trabalho sindical no Sindlimp (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Limpeza Urbana e Terceirizada da Bahia), Suíca também desenvolve trabalho social na região do bairro do Cabula, na capital baiana, e mantém o podcast “A Gente Pod” em seu canal no youtube. Confira a entrevista completa:

Eu gostaria que o senhor fizesse uma avaliação sobre o resultado da última eleição municipal. O senhor acha que houve um erro na escolha do candidato a prefeito Geraldo Jr. (MDB) como puxador de votos? O senhor, como um dos prejudicados, como vê o resultado eleitoral?

Bom, eu quero começar dizendo que eu não fui prejudicado. Eu cresci nas eleições quase 70%, uma eleição extremamente difícil onde não tivemos a marca petista na cédula [de votação]. E isso acabou com as pessoas creditando nessa escolha a derrocada que nós tivemos. Voltamos a uma era em que era Zezéu Ribeiro o único candidato. Então, vou voltar a repetir e dizer que eu não me senti prejudicado. Um homem que tem um candidato que sobe quase 70% na eleição, isso significa que (…).

Você se elegeu com quantos votos e teve quantos votos na última eleição?

Anteriormente, com a pandemia (em 2020), 5 mil votos. E nessa última eleição, eu tive 7 mil votos. Então, quase 70%, trabalhando com a nossa equipe, o nosso povo que sempre acreditou na gente. Se a gente fizer uma retrospectiva, desde 2002 para cá, os votos que eu tive são votos meus, dos meus companheiros e companheiras que estão com a gente fazendo disputa com meu nome na chapa, desde 2002. Fui suplente de deputado federal, estadual, e aí vai. Então, eu não me senti prejudicado. Eu acho que, na verdade, a federação [Brasil da Esperança] ficou prejudicada porque acabou a base do governo, o nosso candidato, ficando em terceiro lugar.

Então, não foi você o prejudicado, foi a chapa de uma forma geral. Mas você acha que isso foi por conta da escolha do candidato Geraldo Júnior, que saiu do ninho de ACM Neto e Bruno Reis e migrou para a base do governo? Faltou identificação do candidato com a esquerda, na sua opinião?

Eu acho que faltou identificação com a chapa de esquerda. Não que ele saiu do ninho de ACM Neto e veio para cá, porque tantas outras pessoas já saíram de lá, veio pra cá, vai pra lá. É esse é o jogo da política. Eu acho que demorou muito para se escolher [o candidato] e faltou uma identificação, de fato, com a militância petista, um debate maior com a militância petista, com o povo de esquerda. Então, faltou isso! Não que ele saiu de um ninho e veio para cá. Eu acho que não dá para creditar isso ao nome do vice. Isso não vem ao caso.

O senhor tem perspectiva de assumir algum cargo na estrutura do governo estadual? O governador Jerônimo Rodrigues conversou com o senhor sobre alguma compensação pela perda do seu mandato?

A minha estrutura nós construímos desde garoto, desde movimentos sindicais, desde tudo. Não se faz necessário estar no governo para você fazer política. Eu continuo fazendo isso com o meu trabalho, com o trabalho das pessoas, continuo fazendo o trabalho social com as nossas instituições. Não crio essa expectativa.

Mas o governador ofereceu alguma coisa como forma de compensar o senhor por ter perdido a eleição?

O governador não tem que me compensar com nada. Ele não precisa me compensar com nada até porque ele não me prejudicou em nada. O governador, nem ninguém. A política é isso. Você tem que se preparar para ganhar e para perder. A gente se preparou também para isso. Ele não tem que me compensar. Lógico que se o governador tiver uma necessidade de ter uma figura como a gente, que cuida do meio ambiente, que cuida do lixo em determinado lugar, logicamente que nós, o grupo, iremos avaliar e ver se essa possibilidade é boa. Mas o governador nem ninguém tem que me compensar com nada até porque eles não me tiraram nada.

Em 2026, o senhor vem como candidato a deputado estadual ou federal?

Seremos candidatos, isso é fato. Nós estamos conversando com todo mundo até porque todo mundo está conversando com todo mundo É o momento de amadurecer as ideias e o projeto. Todo mundo sempre conversou com todo mundo. Enquanto eu fazia campanha com uma dobradinha sempre petista, todo mundo fazia dobradinha com todo mundo.

Sobre a configuração atual da Câmara de Vereadores, quais são as pautas que estão ocorrendo que você quando acompanha pensa ‘poxa, se eu estivesse lá a minha postura frente a essa discussão seria X ou Y’?

Eu vou ser bem sincero, eu fui muito ativo. Nesse processo de PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano), quando eu fui presidente da Comissão de Planejamento Urbano, essa história do metrô mesmo do Estado, eu tive uma participação efetiva naquilo, deu até confusão, briga e tal, mas eu estava lá. Mas depois que eu saí de vereador, eu acho que agora é o papel dos vereadores, das vereadoras desta atual legislatura. Eu não tenho que opinar sobre nada. Eu posso opinar agora sobre o PDDU, quando ele começar o processo e tiver escuta da comunidade, aí eu vou me apresentar. As demais pautas, eu acho que cabe aos vereadores e às vereadoras que foram eleitos para cuidar da cidade. Espero que eles estejam fazendo isso muito bem. Não sou desses candidatos que perderam a eleição e todo dia estão na Câmara dos Vereadores apertando a mão dos companheiros. Não, eu acho que o papel é deles, eu não tenho que ficar pressionando vereador. Desejo toda a sorte do mundo a todos eles, principalmente a Carlos Muniz que tem sido um presidente exemplar. Então, se alguém me chamar para uma consulta de algo aqui ou acolá, eu estarei à disposição. Mas esse papel de verdade, de cuidar da cidade, é de quem foi eleito para isso.

Foto: Ascom Câmara Municipal de Salvador 

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